Fiquei muito contente de ver que depois de 40 anos há uma vontade
política de retomar, com muita energia, a organização dos Engenheiros(as)
Agrônomos(as) que participaram do movimento estudantil e sua relação com os
estudantes de Agronomia a nível Nacional. Comemorar 40 anos da FEAB é muito
importante e estimulante a toda essa juventude que estuda e de outros milhares
de jovens que se preparam para enfrentar e qualificar seu futuro.
Moro hoje em Altamira, Estado do Pará e coordeno o Escritório de
Representação da Secretaria-Geral da Presidência da República na Casa de
Governo criada recentemente no município.
É essa retomada, em outra
conjuntura e em novos tempos, com novas tecnologias e novas experiências de
caráter nacional e internacional, que devem servir como referenciais para nossa
luta em busca de novas conquistas e o aprofundamento da democracia em nosso
País.
Essa provocação de vocês, para que eu escrevesse algo, me fez recordar
dos anos 80 da luta de implantação da CUT e do Novo Sindicalismo com a
participação decisiva dos rurais e entre os rurais a principal participação dos
agricultores familiares, na época chamados de pequenos produtores, meeiros
parceiros. Também a luta pela conquista da terra, do crédito agrícola, o
direito ao Associativismo e Cooperativismo e a participação política em geral.
No segundo Congresso Nacional da CUT, em agosto de 1986 no Rio de Janeiro,
debatemos com maior profundidade a estratégia de organização por ramos e se
seriam Departamentos ou Federações de trabalhadores. Logo após o Congresso do
Rio chamamos uma reunião Nacional e com a presença de jovens
estudantes, e à luz das resoluções do 2º Congresso, nos ajudaram a planejar,
tanto a estratégia de luta, como a de implantação do Departamento Rural da CUT.
A presença dos estudantes e Engenheiros(as) Agrônomos(as), além de nos
ajudar a sistematizar os conteúdos, traziam elementos da conjuntura e também
nos remetiam a uma busca permanente no relacionamento e convivência com setores
das universidades do país. Esta era e ainda é uma tarefa inconclusa. Vejo
muitas resistências da Academia e também por outros motivos dos trabalhadores neste
relacionamento e cooperação.
Vejo como uma oportunidade profissional e organizativa, não só festiva
essa comemoração dos 40 anos dessa importante organização. Estudar, ler buscar
cada vez mais conhecimento é um desafio permanente neste importante país para
conseguir melhores condições de vida. Se quisermos ter participação na
construção desta obra temos de adquirir consciência política e organizativa e
isso só se dará com nossa real participação. Gostaria muito de ver essa
importante categoria, os profissionais e estudantes de agronomia em uma etapa
de retomada de engajamento nos estados e a nível nacional, na Rio +20 e,
posteriormente na continuidade da disputa e implantação de um modelo de
desenvolvimento sustentável, justo e solidário, seguindo e obedecendo as
realidades regionais e procurando contribuir para a inclusão soberana da
Amazônia no contexto Nacional e Internacional.
Avelino Ganzer - Coordenação do Escritório de Representação da
Secretaria-Geral da Presidência da República em Altamira, Pará. Foi
vice-presidente e coordenador do departamento rural da Central Única dos
Trabalhadores.