Milena de
Oliveira Werneck de Capistrano
A trajetória
de um estudante durante um curso de graduação pode refletir inúmeras
experiências. Aqueles que tiveram a oportunidade de atuar no Movimento
Estudantil em geral lembram-se com muito agrado dos momentos de reivindicação,
debate, formulação, propostas, conquistas e, mesmo, derrotas. E este é o meu
caso!
Nasci em
Curitiba-PR e, em 2001, entrei na Agronomia da Universidade Federal do Paraná.
Por ser oriunda do meio urbano e sem vínculos diretos com o campo, refleti e me
questionei muito sobre as possibilidades de inserção e atuação profissional em
uma realidade que, inicialmente, aparentava ser muito distante da minha. Como
eu poderia ser Engenheira Agrônoma? Seria na conservação da natureza? Seria na
produção de alimentos? Seria na ornamentação e arborização do meio urbano?
Seria no tal desenvolvimento rural? Estes e outros questionamentos aguçaram-se
nas salas de aula e, embora não tenham sido respondidos, puderam figurar nos
horizontes das discussões da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil.
Percebi que a formação que eu esperava passa por esferas que ainda escapam às
Instituições de Ensino Superior.
No entanto, o
amadurecimento da postura profissional e pessoal proporcionado pela atuação na
federação deveu-se à pró-atividade em buscar meios de diálogos (por vezes
embates) entre nós, então estudantes, e as organizações envolvidas com a
formação do Engenheiro Agrônomo, de Instituições de Ensino Superior a
movimentos sociais, órgãos de classe, poder público, e muitos outros.
De certo modo,
por esta proximidade com os movimentos sociais recebi, ao concluir o curso em
2008, proposta de trabalho em Assistência Técnica, Social e Ambiental - ATES -
para recuperação ambiental de projetos de assentamentos no Paraná. Posteriormente, este trabalho abriu portas
para atuar na Educação do Campo, onde tive um rico intercâmbio de experiências
com a juventude do meio rural. Hoje, retorno à universidade para cursar pós-graduação
em Extensão Rural, tendo uma bagagem, seja de leitura das realidades seja de
teorias sociais, políticas e econômicas, que atribuo muito à passagem pela
FEAB.
Há dez anos
tive o prazer de organizar, junto com a escola de Curitiba-PR, o 45º Congresso
Nacional de Estudantes de Agronomia, entre os dias 29 de outubro e 03 de
novembro de 2002. Participaram cerca de 700 estudantes debatendo o tema
“América Latina: Nosso povo, nossa luta, nossa história”. E a conjuntura do
congresso não poderia ser mais marcante, apenas dois dias depois do Brasil
eleger Luiz Inácio Lula da Silva à presidência e ano em que a FEAB chegou aos
30, idade balzaquiana!
Além de tudo
isso, a interação com pessoas de todo o Brasil e de outros países da América
Latina, teceu laços e redes (profissionais e de amizade) que perduram até hoje
e continuam a se expandir, como é o exemplo do I Encontro de ex-FEABs.
Parabenizo a iniciativa pela organização do espaço e peço aos colegas que
mantenham este contato, que fortalece nossa profissão e, por consequência,
nossa atuação na sociedade.